sábado, 16 de outubro de 2010

Festival SWUma inconsistência...


começa com você... acreditando.

Recentemente assistimos admirados à realização do festival de música SWU, no interior de São Paulo. Mais um evento que levantou a recorrente bandeira da sustentabilidade...

Excluindo a real importância do tema, será que os presentes estavam efetivamente preocupados com o assunto?

Pelo pouco que vi das entrevistas e flashes do local, tenho a segurança de dizer que não.

Se notoriamente os espectadores e os músicos estavam mais preocupados com a diversão e com a arrecadação, será que a organização estava realmente bem intencionada?

Um Mala que se preze, não pode acreditar nesse conto...

Pesquisei intensamente (google) mas, claro, não encontrei dados relacionados ao consumismo gerado localmente durante o festival.

Bom, vamos aos questionamentos:

- Por que não era permitido cozinhar nos acampamentos?
Será que não se pensou na quantidade de embalagens plásticas, metálicas e de papel dispensadas durante os dias de evento?

- Por falar em lixo, quanto foi gerado no festival e qual foi a destinação dele?
Ainda que tenha sido enviado para a reciclagem, todo processo de transformação consome uma quantidade considerável de energia. E energia, como se sabe, não se perde. Se transforma.

- Quanto combustível foi consumido para a realização do SWU?
Carros, ônibus e aeronaves foram utilizados para levar equipamentos, alimentos, músicos e expectadores para Itu. Ora, se aquela manifestação do GreenPeace na ponte Rio-Niteroi foi extremanente criticada pelo volume de CO2 lançado na atmosfera, imagine transportar uma multidão e todo o suprimento necessário, de diversas partes do Brasil e do mundo para Itu? (Ah, e ainda tem a volta!)


Seu casaco ficou ótimo!
Precisa ver o meu, de pele de foca!

- Quanta droga foi comercializada e consumida nos ambientes?
Ou alguém acha que não houve?...

- Quais foram as exigências de camarim dos músicos?
Sabemos que não há classe mais consumista.


Portanto, será que não seria mais sustentável NÃO realizar o tal evento???

Pode existir ideia mais odiosa que esconder um lobo em pele de cordeiro?

Tá bom, aí alguém pode me dizer que sempre haverá um investimento por trás de uma boa intenção. Que o festival ao menos serviu para a abertura das mentes e para o fortalecimento do tema, mas...

Ah, fala sério!

Acredita mesmo nisso???

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Pequenas Igrejas, Grandes Negócios

Não, não... ao contrário do que diz o título do post, não vou falar sobre a arrecadação ou da isenção fiscal das igrejas, nem da reputação dos líderes religiosos, da entrega incondicional dos crentes e da facilidade com que muitos são persuadidos, da impressionante proliferação de instituições, tampouco das contradições entre o que é pregado nesses locais e o instrumento base da maioria (a bíblia), seus rituais, hábitos, referências, etc.

Hoje o motivo é, digamos, menos nobre. Quem sabe um outro dia posso descrever toda a minha complexa teoria anti-religiosa (mas muito crente!) a respeito das instituições que se denominam a verdadeira igreja de Deus.

Falar do tema é sempre polêmico, por isso dizem que religião não se discute. Mas o que vou propor aqui é extremamente pontual, além de ter um embasamento científico aplicado.

Recentemente uma nova igreja foi inaugurada a um quarteirão de minha casa. E desde então, durante seu funcionamento, não conseguimos conversar, ler, assistir TV, dormir e sei lá mais o que... plantar mandioca sem pensar em Sodoma e Gomorra... e mais um milhão de outras coisas. Não dá pra fazer nada!

"Outroção sem nossão"
Fiquei me perguntando por que será que uma igreja que funciona numa garagem inativa precisa de microfones, caixas de som e instrumentos elétricos, além de tanta gritaria?


Tive uma trindade de insights:

A primeira resposta foi quase imediata: Passe em frente a um local desses e repare em quantas pessoas estão realmente prestando atenção no 'mestre de cerimônias'.
Agora imagine se ele tivesse à sua disposição apenas o poder mágico de suas pregas vocais. Não dá... ninguém olha pro sujeito, que fica ali, falando um sem-número de palavras desconexas, enquanto ouve outros gritos em resposta!

Tá, mas nem toda igreja tem aquele monte de gente berrando "Aleluias", "Glória a Deus" e "Améns" (que muitos nem sabem o significado) a torto e a direito. Então, a segunda resposta foi a intenção que a igreja teria, de chamar a atenção daqueles que estão fora das suas dependências, com o intuito de que pudessem ser tocados pelas palavras.
Bom, tirando que o som mais repele que atrai, uma terceira resposta ganhou força.

Esta justificativa foi a que eu achei a mais interessante: o barulho infernal (com o perdão do trocadilho) funciona como um um grande alívio, tão logo cessa, gerando no fiel a sensação de que todo o peso e o incômodo que ele carregava até então, ficou na igreja.

Como assim?

Ora, depois de horas de som desafinado e altíssimo, muitas vezes potencializado pelo eco e por uma grande parte dos presentes, além de assentos incômodos e falta de ventilação, tudo o que o corpo quer (mesmo que subconscientemente) é sair daquela situação.

O silêncio pós culto deve ser alucinante! Libertador!

Se vai gritar, larga a porra do microfone
O êxtase pode ser sentido pela leveza com que os participantes saem do local. Dá pra notar o alívio na cara de cada um!

Aí fica fácil atribuir essa ótima sensação ao tempo passado no interior da igreja, gerando a impressão de que todos os seus problemas foram resolvidos. Ficaram lá.

Daí deve ter saído o nome de 'sessão descarrego', que muitas usam.

O único problema é que eu não sinto o tal descarrego, pelo contrário, fico 'pilhado'!!!

As leis do silêncio, que muitas cidades editaram (e na minha não é diferente), busca proteger cidadãos comuns do incômodo doloso provocado pela emissão de som, geralmente, acima de 70 decibéis.

Também é importante destacar que é um mito essa ideia de que é somente entre 10h da noite e 04h da manhã que a lei delimita a poluição sonora.

Então, gostaria de que meus adoráveis vizinhos venerassem seu deus-surdo no raio que os parta! Ou então aproveitem parte do dízimo para comprar alguns aparelhinhos para direcionar os sons dos seus microfones para fones de ouvido e isolem as paredes dessa merda acusticamente!

Por mais que queiram, meus queridos, o volume das suas caixas de som não chega no céu! E outra: Não precisa chegar. Ou seu deus não é onipresente?

É sério, se o paraíso for assim, eu prefiro ouvir a maravilhosa sinfonia das labaredas misturada ao reconfortante cheiro de torresmo do subsolo.

Que Deus esteja convosco... e me perdoe mesmo que eu não me arrependa do que disse...

Amém!